Por Raffa Dicena
As importações de soja brasileira pela China atingiram níveis recordes, superando as compras dos Estados Unidos e provocando um alerta em Washington. Essa mudança no cenário comercial global levanta questões cruciais sobre o futuro da economia brasileira.
No mês de julho de 2025, a China importou 10,39 milhões de toneladas de soja do Brasil, um aumento de 13,9% em relação ao ano anterior. Esse volume representa 89% do total de soja importado pelos chineses no período, consolidando o Brasil como o principal fornecedor do gigante asiático. Em contraste, as importações de soja americana pela China caíram 11,5% no mesmo mês, o que gerou preocupação entre os agricultores norte-americanos e a American Soybean Association (ASA), que solicitou uma solução urgente ao governo.
Essa mudança de mercado é impulsionada por dois fatores principais:
Guerra comercial: A disputa entre EUA e China leva Pequim a diversificar seus fornecedores, diminuindo a dependência dos produtos norte-americanos.
Competitividade brasileira: A safra recorde e o preço competitivo da soja brasileira tornaram o produto mais atrativo para o mercado chinês.
Embora o aumento das exportações de soja traga benefícios econômicos imediatos para o Brasil, como o superávit comercial, ele também apresenta riscos. A dependência excessiva de um único comprador, a China, que hoje absorve cerca de 40% das exportações brasileiras, pode causar impactos severos caso haja uma mudança na política comercial. Além disso, a intensificação das relações com a China pode gerar tensões diplomáticas com os Estados Unidos, um parceiro estratégico importante.
O Brasil se encontra em uma encruzilhada: aproveitar a oportunidade de se firmar como uma potência agrícola global, mas com cautela, visão de longo prazo e habilidade diplomática para transformar os ganhos imediatos em vantagens duradouras.
